quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Prática Rotineira

Escrevo versos
Gosto de uns
Risco outros
Paro e penso
Mudo palavras
Risco outras
Paro e leio

Guardo o poema
Descanso os olhos
Leio outra coisa
Busco o poema
Leio de novo

Corrijo

Escrevo mais versos
Gosto de uns
Risco outros
Fico irritado
Guardo o caderno
Penso bobagens

Descanso de novo
Leio de novo
Escrevo de novo
Gosto de novo
Risco de novo
Corrijo de novo

Termino
Sorrio
Leio
Sonho

Érico Alencastro

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Concertos de Brandeburgo

Sons que
como o vento
me fazem voar
por um momento
feito bolha
de sabão
feito folha
ou algodão

Sensibilidade
em compor
allegro
adagio
ou o que for
de Brandeburgo
para o mundo
seus compassos
profundos

Sons que
me fazem sonhar
sorrir e respirar
a arte da vida
e ver que ela
segue bela
e não está
perdida

Érico Alencastro

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Notas de uma manhã após uma noite mal dormida

N'uma manhã
após uma noite
mal dormida,
busco guarida
n'um copo de café
barato
para me manter em pé.

O sol recém
mostrou sua face
para esquentar
o dia que nasce.

Muita coisa
ainda está para acontecer.
Por isso
preciso me manter
disposto.

Pessoas me rodeiam,
mas prefiro ficar só
pelo menos por enquanto.

Sento-me n'um canto
e,
na minha cabeça,
vejo um incompreensível
nó.

Érico Alencastro

Chega de tentar

Eu tentei
Juro que tentei

Eu
Que sempre
Fui adaptável
Desta vez
Não consegui

Dei chances
Até demais
E o que consegui
Foi ficar cada vez
Mais triste
E distante

Perdi todas
As pretenções
E vi o sonho
Abanando para mim
E indo embora

Não vi mais sentido
Em nada
E cada vez mais
O medo tomava conta
Medo do que
Ainda estava por vir

Mas eu tentei
Juro que tentei

E tentei com boa vontade

Cheguei a tentar
Uma transformação
Radical em mim
E isso só fez
Eu conviver
Com a dúvida
E
Com a insatisfação

Nada mais tiha razão
E a pior das raivas
Despertou em mim

Passei a desenvolver
Os hábitos mais
Auto-destrutivos
Que passaram
A camuflar a dor
Quando
Na verdade
A dor apenas
Ganhava forças

Por isso
Me entrego
E desisto

Posso parecer fraco
Por não aguentar
Tudo isso

Talvez eu realmente seja

Mas eu tentei
Juro que tentei

Érico Alencastro

Tempo bom

No mais
Perfeito tom
Vem chegando
O tempo bom

Érico Alencastro

Eu X Eu (poema antigo)

Frases, saiam daqui
pousem sobre esse papel
dêem forma ao meu pensamento
deixem de preguiça
vamos mostrar aos outros
o que nós pensamos
o que nós sentimos
nossa interpretação
sobre essas pessoas
sobre esse mundo
sobre essa vida
que repetitiva
acabou se tornando sem graça

Sigam caindo sobre esse papel
mesmo que não tenham rimas
mesmo que não façam sentido
apenas saiam da minha cabeça
não me deixem frustrado
por ter alguma ideia
e não poder por para fora
dividindo com os outros
tudo aquilo que me alegra;
me chateia; me desperta a cólera

Frases, saiam daqui
saiam de minha cabeça
apenas pousem sobre esse papel
antes que a inspiração desapareça

Érico Alencastro

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Sem Barreiras

o vazio
e a falta de inspiração
não me farão parar de escrever,
mas sim,
servirão de combustível,
pois,
exatamente sobre isso,
vou falar
neste caderno.

vou escrever, então,
sobre a preguiça
e a vontade
de ficar deitado
e encolhido
enquanto
o mundo
acontece lá fora.

pronto:
escrevi.

Érico Alencastro

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Verões Antigos

saudade daquele tempo
em que acordávamos bêbados
a qualquer hora do dia
sem nenhum compromisso.

saudade daqueles verões
em que éramos livres
e aproveitávamos a juventude
com aventuras e risadas.

quando me dou conta
que tudo isso passou,
me questiono sobre
o sentido da vida.

penso se vale a pena
viver sabendo que
esse tempo,
provavelmente,
não volte mais.

sei que ficarão
boas lembranças
que não serão
apagadas da memória,
mas não é nada
comparado ao
momento físico.

por que tenho
que ser feliz de verdade
somente nos momentos
do passado?

por que esses momentos
não podem ser eternos?

Érico Alencastro.

No leito de morte

Quando eu estiver
No meu leito de morte,
Espero estar sorrindo
E satisfeito por ter
Cumprido a missão
de viver.

Espero estar agradecido
Por tudo que a vida
Me proporcionou para ver,
Ouvir, degustar e sentir.

Espero poder deixar
Este mundo com a cabeça
Leve e sem arrependimento,
Com a certeza de que fui
O mais honesto comigo
E com todos
E vivi da maneira
Mais sincera possível.

Espero poder estar
Deitado, com um leve
Sorriso no rosto
E sem medo nenhum
De virar a página
E terminar a missão.

Érico Alencastro

Notas de um Apenado

Quanto mais adoeço
Mais meu corpo apodrece
Ao ponto que enlouqueço
E minh'alma sobreaquece.

Já não sei o que é fé
E nem no que acreditar.
Angulo o mais amargo café,
Em altas doses, até vomitar.

Ninguém vem me socorrer.
Não tenho cumplicidade.
Existe mesmo felicidade?
Alguém vive sem sofrer?

O diabo senta-se ao meu lado
E me dá tapas nas costas.
Quieto, me sinto sufocado
Com a garganta cheia de crostas.

Suporto os mais cínicos gestos
Enquanto meu corpo fica entalado
Nos lugares mais funestos.

A minha frente: o mundo acabado.

Érico Alencastro

Na Estação da Osvaldo Aranha

Só quem me viu
sorrindo feito idiota
imagina o que senti
quando a vi
na estação
antes de entrar
no ônibus
para sentar
ao meu lado.

Érico Alencastro

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Quando escrevo

Quando escrevo, me sento
Ao lado dos maiores mestres.
Me torno capaz de mudar o vento
E diferente de qualquer terrestre.

Passo a ver o mundo
Através de outra visão.
Visão capaz de olhar mais fundo
E ir muito além do chão.

O deuses passam a me respeitar.
Me olham e abrem um largo sorriso.
Quase chegam a se encurvar
E me oferecem além do que preciso.

Quando escrevo, consigo voar
A uma altitude incrível.
Voo para onde minha mente levar.
Quando escrevo, tudo é possível.

Érico Alencastro

Incansável

Ainda busco
minha vida
da forma que
a quero
para mim.
Busco sem cansar
por acreditar
que ela existe.
Essa vida
virá em breve
seja pesado
seja leve
mas virá
e me fará
insuportavelmente
feliz
e sorridente.

Érico Alencastro

Não deixe de reclamar

Se tiver que reclamar
Reclame até o fim
Até conseguir mudar
Aquilo que está ruim

Te chamarão de chato
Dirão que só reclama
Que é um ingrato
E que só faz drama

Mas se algo lhe incomoda
Não deixe de reclamar
Quem reclama não se acomoda
Não importa o que vão pensar

Antes pensarem coisa qualquer
Do que se conformar
E fazer o que não quer
Por não reclamar

Se algo incomodar
Reclame a vontade
Sem medo de gerar
Qualquer hostilidade

Se algo lhe atrapalha
Não deixe de reclamar
Enquanto houver falha
Reclame até mudar

Érico Alencastro (E.A.A.S.N.)

Ataque poético

Retomando:
Aqui estão as bombas.
Nelas contêm
uma alta dosagem de poesia.

Regra:
Jogar em locais que julgar
ruim ou que traga qualquer
espécie de sofrimento.

Nosso objetivo:
Detonar os alvos
enchendo-os de poesias
aos invés das coisas
ruins que eles trazem.

Observação:
Não se pode ter receio
de escolher os alvos
nem sentir vergonha
de ser um lugar banal.
A regra foi clara.

Agora vamos bombardear
e dar poesia
a estes lugares.

ATACAR!

Érico Alencastro (E.A.A.S.N.)

Agente pensante

O dia que cada indivíduo
parar para pensar e abolir
tudo aquilo que o incomoda,
talvez o mundo comece a fluir
e a rodar diferente de como roda.

Érico Alencastro (E.A.A.S.N.)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Estrofe para Tchekov

Sinto grande prazer em acessar
Essas histórias da realidade
Escritas com muita simplicidade
E que me fazem ler sem parar.

E.A.A.S.N.

Para o Chão todo o meu Sofrimento

Se eu pudesse
Dinamitar este lugar,
Faria-o agora,
Mas antes pediria:
"Por obséquio, retirem-se.
Vou por abaixo essa merda
E só avisarei desta vez."
E depois faria com todo amor
Observando as caras de pavor
De quem ama este lugar.
Sorrindo, assistiria
Ir caindo andar por andar
Toda a causa do meu sofrimento
Para depois, devagar,
Me reerguer sem esse
Tom cinzento.

E.A.A.S.N.

Salvação

para a minha alegria
ela me ligou
e como fantasia
tudo se transformou
para me salvar
de um momentro horrível
e me ajudar
a ser indestrutível.

E.A.A.S.N.

Meu Protesto

Para toda
essa sacanagem
eu escrevo
qualquer bobagem

E.A.A.S.N.

Romance Praiano

nos beijamos ao som
das ondas do mar
sob o céu azul
com o sol a esquentar
o entardecer de inverno

depois fomos
para casa
e deitamos
com a janela aberta
enquanto a noite
começava a apresentar
suas estrelas

ficamos juntos
até o quarto
começar a esfriar
gelando nossos corpos
mesmo estando encostados
um no outro

E.A.A.S.N.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Nasce Uma Poesia

Penso por que escrevo
E no que me faz ter
Necessidade de dizer
O que penso e/ou sinto
Para quem quiser ler.

Chego à conclusão
Que escrever me alivia
A cabeça de tantos
Pensamentos e teorias
E devaneios e sonhos
E questões e saudades
Que vão se acumulando
Até me enlouquecer
Me deixando com vontade
De desaparecer.

Então escrevo
E essa vontade passa
Embora eu continue
Com pensamentos e sonhos
E questões e devaneios
E saudades e teorias
Não me sinto tão cheio
Nem com tanta agonia
E assim nasce
Mais uma "poesia".

E.A.A.S.N.

Praticando

Sinto euforia quando penso
Na arte da vida e em praticar
A arte de saber viver com arte.

Vejo poesia em qualquer momento
E cada movimento é como um verso
Que vai sendo escrito continuamente.

O céu acinzentado pós-chuva
Os pássaros cantando nos fios de luz
E até mesmo o barulhos dos carros
Que circulam dia e noite na avenida

Observo e imagino no que pensariam
Os meus poetas preferidos sobre isso

Aliás, são todos meus amigos imaginários
Com os quais converso por horas e horas
Sobre diversos assuntos do meu dia-a-dia
Para depois correr e colocar tudo no papel

E.A.A.S.N.

Nossa Noite

Hoje vou buscá-la de noite
para dormirmos aqui em casa

antes iremos conversar
e dar gargalhadas que muitos
teriam vergonha de dar
ou de ficar por perto

tomaremos vinho tinto
e talvez veremos um filme
para depois deitar juntos
sentindo um a respiração
e os batimentos do outro

inspiração
expiração

sístole
diástole

de dois seremos apenas um
até que a noite se despeça
dando boas vindas ao sol
sem perceber o limite
entre um dia e outro

E.A.A.S.N.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Breve Degustação

Como é bom sentir o gosto da liberdade
Mesmo que seja o mínimo possível
Já dá uma baita sensação incrível
De uma plena e verdadeira felicidade

Tudo passa a ter mais graça
E pequenas coisas viram gigantes
Bem diferentes do que eram antes
Modificando como o tempo passa

Acredito que um dia esse gosto
Passará a ser minha realidade
Me deixando com a capacidade
De ter um sorriso fixo no rosto

Um sorriso verdadeiro e puro
Recheado de plena satisfação
De conseguir viver com a emoção
De não caminhar tateando no escuro.

E.A.A.S.N.

Minha Pátria

sinto saudade
de uma pátria
que nem conheci
mas mesmo assim
não me esqueci
de suas flores
belas e coloridas
e dos amores
que lá vivi
cheios de cores

sinto falta
das experiências
que nem tive
mas que trazem
tamanha emoção
e me fazem
chorar de alegria
só de lembrar
de toda a magia
que pude vivenciar

talvez no futuro
eu possa voltar
e realmente ver
o que lá existe
e não ficar triste
por lembrar
de um lugar
em que nunca estive
e talvez nunca esteja
e que inclusive
talvez nem exista
e seja só um sonho
na cabeça de um
artista

E.A.A.S.N.

Vento Bom

vejo
a vida
vindo
com o vento
que varre
o vulto
ruim
que me
arruína
o rumo

E.A.A.S.N.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Um Castelo de Cada Vez

Não posso sair para tomar
Outro castelo enquanto
Este ainda não está dominado
Pois, se ainda não assumi
O total poder deste local,
Não posso sair para arranjar
Mais responsabilidade
Visto que aqui ainda
Está uma bagunça e muitos
Ainda não me aceitaram
Como alguém que irá chefiar.

Só vou sair daqui quando
Tudo estiver em ordem
E eu tiver a certeza que
Poderei tomar conta de
Dois castelos sem que
Nada mais me atrapalhe.

E.A.A.S.N.

Bifurcação

caminhando por um velho corredor
percebo que, curiosamente, ele bifurcou
deixando dois caminhos para seguir.
perturbado, dou meia volta e saio
voltando para casa curioso.
no dia seguinte, retorno ao local
analiso a bifurcação e penso
por qual dos caminhos devo entrar.
ambos são iluminados e longos
ao ponto de perder o olhar ao longe.
medroso, mais uma vez, vou embora.
passo a noite em claro pensando
no que pode ter ao final
de cada um dos corredores.
chego à conclusão que saberei
somente quando decidir seguir
até o fim daquele que escolher.
decido que, no dia seguinte,
irei até o fim de um dos dois.
se eu não gostar do que está lá,
volto e entro pelo outro lado.

E.A.A.S.N.

A Espera da Nitidez

Vozes passam como ruídos
Que não vejo significado algum
Não consigo entender o que se passa
Nem consigo enxergar a estrada adiante.

Sozinho, no escuro, totalmente confuso
Agonia toma conta desse corpo enquanto
Ouço pessoas ao longe, mas, sinceramente,
Não sei se quero me juntar a elas.

Mesmo que agonizando na solidão
Me sinto confortável por estar sozinho
E não junto com este grupo ao longe.

Ainda estou muito confuso para me juntar
E não me faria bem fazer parte de algo
Sendo que ainda nem me encontrei.

Quando passar este escuro
E eu conseguir enxergar nitidamente
Ao ponto de conseguir seguir na estrada
Me juntarei com quem achar conveniente.

E.A.A.S.N.

Medo

o medo de não saber
o que está por vir
me deixa com vontade
de ficar neste quarto
escondido para sempre
ou de sair correndo
para algum lugar
bem longe de todos
onde ninguém me conhece
e não vai perguntar
como estou ou
o que houve comigo.

tenho medo que tudo
acabe e mude o que
está feito até agora
fazendo com que eu
construa tudo de novo
passo por passo
errando e acertando
pensando na possibilidade
de, futuramente, tudo
desabar de novo
deixando em vão o que
foi feito até então.

E.A.A.S.N.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Sala de Aula

A professora leciona
N'uma sala com mais
Cadeiras vagas
Do que ocupadas.

Ali, expressa frutos
De seus estudos
Que, se alguma forma,
Se tornaram seus
Próprios ideais de vida.

Quanto mais paixão
Ela usa para falar,
Mais as pessoas se olham,
Cochicham e fazem
Cara feia, como se
Não aguentassem mais
Ouvir aquilo.

A professora segue falando.
Alguns alunos se levantam
E, bufando, deixam a sala.
Mesmo assim, ela não deixa
De continuar a aula,
Com um leve sorriso ao rosto
Sentindo prazer em lecionar

No geral é assim:
Quanto mais a pessoa
Se expressa com paixão
Aos seus ideais
Falando com convicção
Aquilo que sente,
O resto vai ridicularizar,
Taxar de louco, e
Dizer que é merda
Tudo o que foi dito.
Acredito que por
Incapacidade de
Saber pensar
Ou por falta
De coragem
Para expressar
O que pensa.

E.A.A.S.N.

Embriaguez

Fico perambulando sozinho
Ao som desta composição
Que me acelera o coração
Ao longo deste caminho.

Já não conheço mais a forma
Desta trilha que comecei.
Agora o que eu menos sei
É seguir reto nesta norma.

Caminho agora tropeçando
A cada passo dado adiante.
Há um nó na minha cabeça

Que agora está começando
A tornar-se delirante
Fazendo que eu enlouqueça.

E.A.A.S.N.

Não Procure Aqui.

Não espere vir aqui
E sempre encontrar
Notas doces e meigas
Escritas com carinho
E cheias de ternura.

Nem sempre vou conseguir
Escrever coisas leves.

Se assim o fizesse,
Seria eu um falso
Por não me expressar
Com sinceridade.

Não perderia meu tempo
Aqui para fingir algo
Que não estou sentindo.

Se for para escrever
Algo que passe alegria,
Escreverei se estiver
Realmente alegre.

Sem medo de expressar,
Escrevo aqui aquilo
Que no momento sinto
Que devo falar.

Se procura versos leves
Desses que fazem relaxar,
Sorrir e mostrar para todos
O lindo poema que acabou
De ler, aqui nem sempre
Será o lugar certo.

E.A.A.S.N.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Combustível

Minha

inspiração

para escrever

é a minha

motivação

para te ter.


E.A.A.S.N.

Maior Satisfação

Grande satisfação
chegar à conclusão
de sentir felicidade
por sentir saudade


E.A.A.S.N.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Sou Poeta

Sou poeta.
Sinto-me poeta.

Enquanto pessoas
nadam em um lago
de pouca profundidade,
eu nado rápido
para aventurar-me
na parte mais funda.

Abasteço-me
de saudade
e sofrimento.

Sinto fome
de subversão;
de anarquia;
de utopia;
de desconstrução.

Procuro-me até
finalmente
me achar
para depois
novamente
me procurar
e ver se
realmente
me achei.

Respiro a arte
de buscar
saber viver
sem medo
do duvidoso.

Ansioso,
aguardo pelo
próximo capítulo
deste livro.

E.A.A.S.N.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Leito Certo.

Não me atirarei
em qualquer canto
que me forneça
leito à noite.

Sabe-se lá
o que posso eu
encontrar.

Não posso aceitar
qualquer cama
ofecerecida.

É melhor
caminhar a esmo
até encontrar
o destino certo.

Assim
posso dormir
tranquilamente
sem temer
coisa alguma.

E.A.A.S.N.

Para o Alto.

Vais me perdoar
se eu não for
o que sonhaste
mas puder voar?

Vais ser feliz
se eu não seguir
o que me ensinaste
mas sim
o que sempre quis?

E.A.A.S.N.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O Festival da Anencefalia

Veja quantas pessoas inexistentes
são guiadas por outras pessoas
que julgam ser de hierarquias superiores.

Veja quantas pessoas nulas,
que simplesmente deixaram suas cabeças
atrofiando em conserva de tanto desuso.

Em casa, seus pais o guiam;
Na escola, diretores e professores;
Na sociedade, o moralistas;
No trabalho, a chefia;
Na vida, o Estado.

Eis o belo festival da anencefalia,
onde cérebro não faz falta a ninguém.

É o reino dos indiferentes,
que nem imaginam o que acontece em volta,
muito menos se conhecem para saber
do que são capazes.

São pura carne em putrefação
vestidos em ternos ou jalecos,
dentro de maravilhosas e caras
latas de sardinha motorizadas.

Morrem para juntar riquezas,
que nem sabem onde enfiarão no futuro,
apenas para falarem a todos o quanto tem.

Meros fantoches dançando conforme
toca a autoritária música destrutiva,
que suga ao máximo suas vitalidades
até formar seu batalhão de mortos-vivos.


E.A.A.S.N.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Promessa.

Não serei mais um covarde
Como esses que vemos diariamente
Que nunca pensam em felicidade
Só em viver "confortavelmente"

Não me acomodarei assim facilmente
Nem deixarei de produzir tão cedo
E não serei mais um desses indiferentes
Que convivem dia após dia com o medo

Serei buscador incansável
Da minha plena satisfação
Mesmo a vida não sendo afável
Não aceitarei qualquer quinhão

Prefiro a morte ao conformismo
Não jogarei fora a minha vida
Deixando-a nas mãos do cinismo
Como num labirinto sem saída

E.A.A.S.N.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Apelo

Querido, venha para a cama.
Já está ficando tarde
e eu já estou com saudade.
Mal nos vimos durante a semana.

Percebe o quanto nos afastamos
e como nossa relação esfriou?
E de tudo apenas restou
essa relação robótica que criamos.

Apenas pensa em seus negócios,
Seu cargo, status quo e posse.
Está gordo, mancando e com tosse
E sem me beijar há alguns equinócios.

Lembra quando contemplávamos a vida
E conversávamos por horas a fio
Víamos o sol mergulhando no rio
E achávamos linda a sua ida?

Nossos momentos de "prazeres" são curtos.
Nem consigo perceber qualquer sensação.
Apenas nos encostamos sem alguma emoção
E se demoramos demais você entra em surtos.

O que está fazendo com a sua vida?
Não tem tempo para mais nada.
Por isso prefiro esperar sentada.
Mesmo que seja apenas pela sua ida.

E.A.A.S.N.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Matando a Saudade

Tanta saudade
de estar contigo.
De saber te manejar.
Agora tento,
mas não sei se consigo
por um momento
em um papel botar
todo esse sentimento.

Estive afastado,
porém muito aprendendo
e agora estou animado
para te mostrar
como está sendo
quase viver
daquilo que há tempo
venho almejando
tentar realmente ser.

Estou ouvindo a música
da vida que sempre
quis ouvir.
Estou dançando o ritmo
que no ventre
pude sentir.

Me sinto feliz
de aqui estar
para poder dividir
e poder contar.
Que desse sonho
não vou acordar.
E ninguém
vai conseguir
daqui me tirar.

(E.A.A.S.N.)