quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Notas de uma manhã após uma noite mal dormida

N'uma manhã
após uma noite
mal dormida,
busco guarida
n'um copo de café
barato
para me manter em pé.

O sol recém
mostrou sua face
para esquentar
o dia que nasce.

Muita coisa
ainda está para acontecer.
Por isso
preciso me manter
disposto.

Pessoas me rodeiam,
mas prefiro ficar só
pelo menos por enquanto.

Sento-me n'um canto
e,
na minha cabeça,
vejo um incompreensível
nó.

Érico Alencastro

Chega de tentar

Eu tentei
Juro que tentei

Eu
Que sempre
Fui adaptável
Desta vez
Não consegui

Dei chances
Até demais
E o que consegui
Foi ficar cada vez
Mais triste
E distante

Perdi todas
As pretenções
E vi o sonho
Abanando para mim
E indo embora

Não vi mais sentido
Em nada
E cada vez mais
O medo tomava conta
Medo do que
Ainda estava por vir

Mas eu tentei
Juro que tentei

E tentei com boa vontade

Cheguei a tentar
Uma transformação
Radical em mim
E isso só fez
Eu conviver
Com a dúvida
E
Com a insatisfação

Nada mais tiha razão
E a pior das raivas
Despertou em mim

Passei a desenvolver
Os hábitos mais
Auto-destrutivos
Que passaram
A camuflar a dor
Quando
Na verdade
A dor apenas
Ganhava forças

Por isso
Me entrego
E desisto

Posso parecer fraco
Por não aguentar
Tudo isso

Talvez eu realmente seja

Mas eu tentei
Juro que tentei

Érico Alencastro

Tempo bom

No mais
Perfeito tom
Vem chegando
O tempo bom

Érico Alencastro

Eu X Eu (poema antigo)

Frases, saiam daqui
pousem sobre esse papel
dêem forma ao meu pensamento
deixem de preguiça
vamos mostrar aos outros
o que nós pensamos
o que nós sentimos
nossa interpretação
sobre essas pessoas
sobre esse mundo
sobre essa vida
que repetitiva
acabou se tornando sem graça

Sigam caindo sobre esse papel
mesmo que não tenham rimas
mesmo que não façam sentido
apenas saiam da minha cabeça
não me deixem frustrado
por ter alguma ideia
e não poder por para fora
dividindo com os outros
tudo aquilo que me alegra;
me chateia; me desperta a cólera

Frases, saiam daqui
saiam de minha cabeça
apenas pousem sobre esse papel
antes que a inspiração desapareça

Érico Alencastro

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Sem Barreiras

o vazio
e a falta de inspiração
não me farão parar de escrever,
mas sim,
servirão de combustível,
pois,
exatamente sobre isso,
vou falar
neste caderno.

vou escrever, então,
sobre a preguiça
e a vontade
de ficar deitado
e encolhido
enquanto
o mundo
acontece lá fora.

pronto:
escrevi.

Érico Alencastro

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Verões Antigos

saudade daquele tempo
em que acordávamos bêbados
a qualquer hora do dia
sem nenhum compromisso.

saudade daqueles verões
em que éramos livres
e aproveitávamos a juventude
com aventuras e risadas.

quando me dou conta
que tudo isso passou,
me questiono sobre
o sentido da vida.

penso se vale a pena
viver sabendo que
esse tempo,
provavelmente,
não volte mais.

sei que ficarão
boas lembranças
que não serão
apagadas da memória,
mas não é nada
comparado ao
momento físico.

por que tenho
que ser feliz de verdade
somente nos momentos
do passado?

por que esses momentos
não podem ser eternos?

Érico Alencastro.

No leito de morte

Quando eu estiver
No meu leito de morte,
Espero estar sorrindo
E satisfeito por ter
Cumprido a missão
de viver.

Espero estar agradecido
Por tudo que a vida
Me proporcionou para ver,
Ouvir, degustar e sentir.

Espero poder deixar
Este mundo com a cabeça
Leve e sem arrependimento,
Com a certeza de que fui
O mais honesto comigo
E com todos
E vivi da maneira
Mais sincera possível.

Espero poder estar
Deitado, com um leve
Sorriso no rosto
E sem medo nenhum
De virar a página
E terminar a missão.

Érico Alencastro

Notas de um Apenado

Quanto mais adoeço
Mais meu corpo apodrece
Ao ponto que enlouqueço
E minh'alma sobreaquece.

Já não sei o que é fé
E nem no que acreditar.
Angulo o mais amargo café,
Em altas doses, até vomitar.

Ninguém vem me socorrer.
Não tenho cumplicidade.
Existe mesmo felicidade?
Alguém vive sem sofrer?

O diabo senta-se ao meu lado
E me dá tapas nas costas.
Quieto, me sinto sufocado
Com a garganta cheia de crostas.

Suporto os mais cínicos gestos
Enquanto meu corpo fica entalado
Nos lugares mais funestos.

A minha frente: o mundo acabado.

Érico Alencastro

Na Estação da Osvaldo Aranha

Só quem me viu
sorrindo feito idiota
imagina o que senti
quando a vi
na estação
antes de entrar
no ônibus
para sentar
ao meu lado.

Érico Alencastro

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Quando escrevo

Quando escrevo, me sento
Ao lado dos maiores mestres.
Me torno capaz de mudar o vento
E diferente de qualquer terrestre.

Passo a ver o mundo
Através de outra visão.
Visão capaz de olhar mais fundo
E ir muito além do chão.

O deuses passam a me respeitar.
Me olham e abrem um largo sorriso.
Quase chegam a se encurvar
E me oferecem além do que preciso.

Quando escrevo, consigo voar
A uma altitude incrível.
Voo para onde minha mente levar.
Quando escrevo, tudo é possível.

Érico Alencastro

Incansável

Ainda busco
minha vida
da forma que
a quero
para mim.
Busco sem cansar
por acreditar
que ela existe.
Essa vida
virá em breve
seja pesado
seja leve
mas virá
e me fará
insuportavelmente
feliz
e sorridente.

Érico Alencastro

Não deixe de reclamar

Se tiver que reclamar
Reclame até o fim
Até conseguir mudar
Aquilo que está ruim

Te chamarão de chato
Dirão que só reclama
Que é um ingrato
E que só faz drama

Mas se algo lhe incomoda
Não deixe de reclamar
Quem reclama não se acomoda
Não importa o que vão pensar

Antes pensarem coisa qualquer
Do que se conformar
E fazer o que não quer
Por não reclamar

Se algo incomodar
Reclame a vontade
Sem medo de gerar
Qualquer hostilidade

Se algo lhe atrapalha
Não deixe de reclamar
Enquanto houver falha
Reclame até mudar

Érico Alencastro (E.A.A.S.N.)

Ataque poético

Retomando:
Aqui estão as bombas.
Nelas contêm
uma alta dosagem de poesia.

Regra:
Jogar em locais que julgar
ruim ou que traga qualquer
espécie de sofrimento.

Nosso objetivo:
Detonar os alvos
enchendo-os de poesias
aos invés das coisas
ruins que eles trazem.

Observação:
Não se pode ter receio
de escolher os alvos
nem sentir vergonha
de ser um lugar banal.
A regra foi clara.

Agora vamos bombardear
e dar poesia
a estes lugares.

ATACAR!

Érico Alencastro (E.A.A.S.N.)

Agente pensante

O dia que cada indivíduo
parar para pensar e abolir
tudo aquilo que o incomoda,
talvez o mundo comece a fluir
e a rodar diferente de como roda.

Érico Alencastro (E.A.A.S.N.)