N'uma manhã
após uma noite
mal dormida,
busco guarida
n'um copo de café
barato
para me manter em pé.
O sol recém
mostrou sua face
para esquentar
o dia que nasce.
Muita coisa
ainda está para acontecer.
Por isso
preciso me manter
disposto.
Pessoas me rodeiam,
mas prefiro ficar só
pelo menos por enquanto.
Sento-me n'um canto
e,
na minha cabeça,
vejo um incompreensível
nó.
Érico Alencastro
a mi me gustó
ResponderExcluirCafeína,
ResponderExcluirVício maldito e maléfico.
Em um diagnóstico que fiz, detectei os problemas desta droga tão consumida no Brasil. E percebi que o grande problema em ser movido por essa substância é justamente ser movido por essa substância. Ela te domina e acorda, possibilitando assim, prolongar suas horas de trabalho cada vez mais.
Chega uma hora que o ser humano não tem mais condições de produzir ou reproduzir tal experiência; o corpo está cansado, e o que seu organismo mais pede é descanso. Mas não, nós vamos até o bar/cafeteria/cozinha para tomarmos o antídoto do descanso e prosseguir trabalhando como um louco. Aliás, nós já somos loucos, e não, eu não credito a culpa somente no café, credito e acredito que a culpa seja nossa, por deixar que o trabalho passe por cima de nós, sendo um grande tormento em nossas vidas. O trabalho não deveria ser considerado a 'coisa mais importante' de nossas vidas, pelo contrário, deveria ser apenas um detalhe. Devíamos pensar mais em auto-realização, e em ser, o que de fato queremos de verdade. E não seguir bajulando um termo que nos causa arrepios quando ouvimos falar.. Confesso que o meu café está ficando azedo, e que aos poucos busco coragem para assustar este medo, que reside aqui dentro e que persiste aí fora; que alimenta o bloqueio e contamina minhas horas.
Mas um dia eu me encontro, sem o café.