sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Notas de um Apenado

Quanto mais adoeço
Mais meu corpo apodrece
Ao ponto que enlouqueço
E minh'alma sobreaquece.

Já não sei o que é fé
E nem no que acreditar.
Angulo o mais amargo café,
Em altas doses, até vomitar.

Ninguém vem me socorrer.
Não tenho cumplicidade.
Existe mesmo felicidade?
Alguém vive sem sofrer?

O diabo senta-se ao meu lado
E me dá tapas nas costas.
Quieto, me sinto sufocado
Com a garganta cheia de crostas.

Suporto os mais cínicos gestos
Enquanto meu corpo fica entalado
Nos lugares mais funestos.

A minha frente: o mundo acabado.

Érico Alencastro

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